Obras da artista belga Berlinde De Bruyckere

terça-feira, 18 de maio de 2010

Na trilha do oriente



Uma das coisas sobre as quais ainda pretendo me debruçar em estudo é a arte do oriente. Às vezes lamento a distância cultural que nos separa, e que se apresenta como um problema para a devida apreensão de tudo o que advém desse outro universo, mas, na maior parte do tempo, é exatamente essa distância cultural que me instiga.

Sei que a arte daquele lado do mundo não caminhou como no lado ocidental, e por isso mesmo creio que o primeiro grande desafio para tentar compreender a história da arte do oriente reside na necessidade de desconstruir o nosso olhar ocidental. No entanto, ainda não consigo me desvencilhar de minhas referências e, inevitavelmente, quando penso nas possíveis manivelas que terão movido a arte naquele lado do mundo…

Realidade? Filosofia? Uma tradição metafísica? O absurdo? Tudo isso ou nada disso? Em algum momento a arte da China, da Índia ou do Japão se converteu num instrumento de rebeldia contra a sua própria história?

Enquanto ainda não consigo responder a essas perguntas, vou apreciando a arte (sem dúvida, globalizada, influenciada pela outra metade do planeta) que nasce por lá agora. Eis, então, Yang Shaobin.

Tomei conhecimento sobre esse artista quando visitei o MASP no início de novembro do ano passado por ocasião da exposição de A. Rodin. Depois de me deliciar com as obras desse importante ícone ocidental, fui atravessada pela contundência da obra do chinês.

Sua primeira exposição no Brasil contou com 50 pinturas sobre tela e desenhos sobre papel produzidos entre 1996 e 2009. Várias das telas ali reunidas foram produzidas segundo aquele realismo que tem o poder de se confundir com fotografia (e que eu adoro!), como vocês podem observar na primeira imagem. Mas havia algo além, e muito inquietante, em algumas “fotopinturas” que nem sempre pretendiam retratar uma imagem precisa, de absoluta nitidez. Em vez disso, flertavam com uma espécie de subversão da "verdade fotográfica", com a distorção do foco (outra investida da pintura no espaço fotográfico?).

Mas creio que a perturbação que a obra de Yang Shaobin provoca está também muito associada à sua temática. Esse chinês passa uma clara impressão de que não usa de meias palavras para expressar o que o incomoda, e toca, literalmente, em feridas: de questões políticas à violência social ou ecológica crua. Ele abusa do grotesco de modo eficaz. A ala vermelha na exposição era simplesmente chocante.

Como infelizmente não consegui encontrar um site exclusivo dele (talvez se eu escrevesse chinês?), deixo o link da exposição no MASP e a dica de que é possível encontrar várias imagens de seus trabalhos na web. Devo advertir, entretanto, que tirem as crianças da sala.

www.masp.art.br/masp2010/exposicoes_integra.php?id=38&periodo_menu=2009




Postado por Erica R. Tulip.

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